Entrevista sobre tendências de cores com Silvia Scigliano

Gente, para quem ainda não conhece a Silvia Scigliano, uma parceira de longa data, inclusive do curso 4Talks, eu apresento: ela é consultora de Tendências e Negócios de Moda. Morou cinco anos em Nova York, onde atuou no atacado e no varejo e estudou no Fashion Institute of Technology. Juntas, lançamos os Cards de Tendências de cores (saiba mais aqui e compre aqui) da Loja Studio Immagine e eu aproveitei o fim das mais importantes semanas de moda internacionais para conversar com ela, é claro, sobre tendências.

Lu: Silvia, as principais semanas de moda internacionais acabaram agora: quais serão as grandes tendências de comportamento para o verão 19?

Silvia Scigliano: Foi uma temporada que prezou muito pela diversidade e, como consequência, tivemos uma ampla variação de cores. O número de modelos negras no NYFW, para você ter ideia, aumentou em cerca de 50%. Modelos plus size e de mais idade também estavam mais presentes, o que é maravilhoso em termos de representatividade. É a mulher real na passarela, o que é incrível para a gente que trabalha com consultoria de imagem. Outra explicação para essa grande variação de cores é o momento de instabilidade política e social que o mundo tem enfrentado. Cores que remetem a aconchego, à energia e à paz definitivamente são fortes tendências.

Lu: Quais são essas cores?

Silvia Scigliano: Temos tons terrosos e variações de laranja, de amarelo, vermelho. O branco e o preto também estavam presentes, além do rosa, que vem num crescente desde 2016 e apenas foi mudando de tons.

Lu: Quais mensagens essas tendências carregam?

Os tons terrosos representam acolhimento. O laranja chama a atenção para a questão dos refugiados, pois tem a ver com a bandeira deles (foto abaixo). Vale lembrar que hoje vivemos a maior movimentação de pessoas pelo planeta depois da 2ª Guerra. O amarelo e o vermelho trazem vibração e energia, e as pessoas estão em busca disso. O branco traz paz em momentos de turbulência, enquanto o preto é a cor-símbolo do movimento #metoo. Tem ainda os verdes, que se aproximam da natureza e remetem a uma alimentação natural. Por fim, os rosas: o movimento feminista está muito forte no espírito do nosso tempo, então, influencia essa cartela. É uma cor tão importante que até está rolando uma exposição no Fashion Institute of Tecnhology sobre a história do pink na moda. Longe de ser uma tendência que nasceu ontem, ele é uma cor que simboliza revolta e insatisfação e já foi usado até no movimento punk.

Lu: Qual foi sua maior surpresa ao analisar as cartelas das marcas? Por quê?

Silvia Scigliano: Os tons neon. Eles vêm num crescente, mas eu não acreditava que fosse pegar porque não é uma cor que fica tão bem para todo mundo. Principalmente para as brasileiras, que na média têm uma pele quente. Talvez por aqui essa tendência dos anos 80 apareça mais em looks de academia e esportes. Mas vale ressaltar que, em Nova York, por exemplo, os tons neon não apareceram apenas nos desfiles, como o do Jeremy Scott (aabaixo), mas também no street style.

Lu: Se precisasse eleger apenas 3 cores para investir no próximo verão, quais seriam?

Silvia Scigliano: Em primeiro lugar, o amarelo, lembrando que tem o amarelo certo para cada tom de pele. Vale começar com ele ao menos nos detalhes. O laranja é outra cor bonita que vai pegar. Tem também o branco, pois foi-se o tempo em que ele era usado apenas no réveillon.