Eu já contei aqui no blog como foi a Lisboa Fashion Experience, mas ainda não falei sobre um dos bate-papos mais bacanas que assisti por lá. Com o tema Street Style x Fashion, ele trazia Gert Van de Keuken, Diretor Criativo do Estúdio Edelkoort, Raimo Diehl e Anton Zamiatine, que representam a FILA Europa, Pedro Lima, diretor criativo na Partners, Namalimba Coelho, assessora de comunicação do Museu Coleção Berardo e o fotógrafo Adam Katz Sinding falando sobre a influência do street style na moda.
Eu adorei o olhar de Adam sobre street style e aproveitei para entrevistá-lo. Adam Katz é americano e reside atualmente em Copenhague. Considerado pioneiro na fotografia de street style, desde 2003 registra cenas de ruas nos entornos das semanas de moda guiado por um misto de técnica e intuição. Suas imagens são maravilhosas. Confiram nosso bate-papo:
Lu: Você acha que a espontaneidade no street style é a mesma que há cinco anos?
Adam Katz: Não. Com certeza a espontaneidade diminuiu. Entretanto, eu faço o meu melhor para ignorar o fato de que talvez a maior parte do que vemos fora dos desfiles é uma jogada de marketing. Eu amo tirar fotos das pessoas nas semanas de moda e, apesar de a autenticidade ser menor do que antes (especialmente em Nova York e Milão), o street style ainda funciona para gerar fotos lindas e estimulantes visualmente.
Lu: Como você escolhe as pessoas que fotografa?
Adam Katz: Não existe uma “escolha”. Eu fotografo o que gosto. Não há regras. Não há “elementos” nem “tendências” melhores ou piores. Eu fico nas ruas tentando documentar o mood das semanas de moda, e não necessariamente o que as pessoas estão vestindo. Quero criar uma reportagem visual que me permita olhar para trás e lembrar como eu senti lá.
Lu: Como você acha que o street style influencia os estilistas e marcas? Essa relação mudou nos últimos dez anos?
Adam Katz: É fato que o streetwear assumiu o comando. Não sei se o estilo streetwear cresceu graças ao “street style”, porém pode ser, sim. As pessoas gostam de ver a “realidade” das roupas e acessórios quando estão em ação, nas ruas. Então, sim, creio que os estilistas estejam tentando acompanhar esta estética das ruas, que é mais realista.
Lu: Na sua opinião, como será o street style daqui a dez anos?
Adam Katz: Ele se tornará menos popular, com certeza. Estamos todos saturados. Há dezenas de milhares de fotos saindo todos os dias das semanas de moda. Fica entediante. Assim, os fotógrafos que estão lá apenas para pagar suas contas vão desaparecer. Mas aqueles que realmente amam documentar as ruas permanecerão. É meu caso. É um percentual pequeno de fotógrafos de rua que estão ali por pura paixão, e não por dinheiro.
Lu: Hoje em dia, qual a cidade mais criativa do mundo em termos de street style?
Adam Katz: Essa é uma questão que não pode ser respondida. Quer dizer, se você me forçar a responder, eu digo Tóquio ou Londres. Mas criatividade não é uma palavra que se quantifica. As pessoas podem ser criativas de maneiras muito simples… como os escandinavos. Não acho que você andaria pelas ruas de Copenhague e diria: “uau, que criativos!” a respeito da visão minimalista que eles têm de moda… mas, sim, poderíamos argumentar que essa estética é tão criativa como a das crianças Harajuku.
Lu: Qual foi a semana de moda que você mais curtiu fotografar?
Adam Katz: A Semana de Moda de Paris e também a de moda masculina de Londres. São eventos muito honestos. Não tem tantos influencers, então as pessoas que frequentam os desfiles são parte da indústria e, por isso, mais interessantes para mim.
Fotos: cortesia Jonathan Daniel Pryce e cortesia Adam Katz
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